terça-feira, 21 de junho de 2011

O AMOR É AZUL





Levantei hoje com uma sensação interessante e muito diferente de todos os dias, pois, parecia que iria à escola onde conheci muitas pessoas com quem fiz boas amizades e, em especial, com aquela moça linda que certa vez esqueceu seu par de óculos Ray-ban no balcão da lanchonete. Seu nome era Silvia e... ela era a garota mais linda que eu já havia visto.

Moça clara de cabelos longos, olhos angelicalmente azuis, pele bronzeada, meiga, sorriso farto, faces rosadas, andar sensual mas tímido, inteligente e uma das melhores alunas da classe.

Fazíamos o colegial, modalidade Clássico, onde as matérias principais eram idiomas. Silvia conhecia muito bem o idioma Inglês e eu o Francês.

Conheci-a pouco antes de iniciarmos naquela escola: ela havia deixado seu par de óculos Ray-ban no balcão de uma lanchonete quando tomava um refrigerante com suas amigas e comia algum salgadinho. Eu a observava com cuidado e muita admiração... afinal,... uma beleza daquela não era de ficar sem ser notada por qualquer pessoa. Quando iam saindo da lanchonete, peguei aqueles óculos e corri ao encontro daquela moça:

- Olá,... Você esqueceu seus óculos no balcão...
- Puxa ! Como sou esquecida... Muito obrigada... !
- Ah,... por nada. Foi um prazer..
- Meu nome é Silvia. E você ?
- Pedro. Mas os amigos me chamam de Doca !
- Doca ?
- Sim,... é quando eu era pequenino, chamavam-me de Pedroca. Agora sou o Doca !
- Ah... ! Então, Doca... Se quiser poder chamar-me de Sil, que é como meus amigos me tratam !
- Sil...
- Sim ?
- Bem,... é que... Bem,... é que...
- O quê ?
- Nada... nada...
- Ah,... não fique sem jeito,... fale que estou curiosa...
- Silvia,...quero dizer... Sil,... você é tão linda...
- Ah,... Doca...
- Desculpe-me,... mas será que vou vê-la outra vez ?
- Sim, claro,... acho que sim ! Venho sempre aqui... Amanhã,... que tal ?
- Tudo bem ! Amanhã estarei aqui novamente !

Silvia foi com suas colegas e eu fiquei ali na calçada observando até que virassem a esquina daquela rua. Meu coração disparou de emoção, de desejo, de ansiedade,... sei lá de quantas coisas ele disparou... mas sei que senti naquele momento alguma coisa que nunca houvera sentido antes pois aquela linda garota, de lindos olhos azuis, com aquela roupa tão deslumbrante, em tons azuis,... tudo azul em degradée,... Ah,... pensei: " meu coração é azul ! Meu coração é azul ! Meu coração é azul !".

Naqueles dias em todos os lugares onde os jovens iam dançar, o maior sucesso era exatamente aquela canção: " L'Amour est bleu "!  E eu adorava cantar em francês e, a partir daquele instante passei também a amar a canção que dizia " O AMOR É AZUL " tudo por causa de Silvia aquela garota de olhos azuis e do vestido azul !

Maio era o mês de seu aniversário, acho que dia 15. Naquela tarde a professora anunciou à classe que iríamos festejar o aniversário de Silvia, com músicas e poemas. Fui designado para homenagear a aniversariante com algum poema.

Enrubreci pois soube minutos antes que iria ter tal honrosa porém tão difícil incumbência. Afinal, o que dizer à moça mais linda que eu já havia visto e por quem guardava, com todo cuidado e segredo, muita paixão e muito amor e por quem todas as minhas células tremiam quando ela por mim passava exalando aquele delicioso e natural perfume de seu estonteante Ser ?

Silvia,... !!! Um nome que jamais poderei esquecer e uma princesa por quem sempre sonhei !

- Dona Florianete, o que eu devo dizer lá na frente ? Não sei o que dizer, estou com medo e com vergonha...
- Ah,.. garoto ! Você é o aluno mais aplicado da minha classe e com esse seu jeitinho tão charmoso, você certamente vai arrasar e deixar todas as meninas apaixonadas. Vai lá e mostre como sempre fez no teatro... ! Você é o meu melhor aluno e confio muito em você !

Eu não aguentava de tanto medo de não agradar Silvia e as demais alunas. Havia apenas mais uns dois ou tres colegas masculinos na classe e eles torciam para que eu falhasse. Então,... não tive outra alternativa senão recorrer a alguma coisa que eu conhecesse. Eu gostava de tocar violão e cantar canções internacionais, em inglês e francês. Alguma coisa em italiano que era o que mais se tocava na época.

Lembrei-me de Paul Mauriat, pois seu nome era muito conhecido e, principalmente, suas canções faziam com que todas as pessoas calassem hipnotizadas e apaixonadas sonhando em estar nos braços, abraços e beijos com a pessoa amada.

Silvia era quem eu gostaria de abraçar, beijar e amar !

De repente,... lá na frente...

Tomei emprestado o violão de Lucinha, por quem eu também sentia muita atração... e comecei a dedilhar as cordas silenciosamente olhando para as pessoas que ansiosamente e curiosamente aguardavam o que poderia acontecer... Eu tremia,.. tremia,.. mas esbocei um sorriso e fui acalmando ao som das cordas daquele  "Di Giorgio" - o "pinho" (violão) de Lucinha que ecoava tão delicadamente...

Iniciei os acórdes daquela canção e cantei, em francês, aquele lindo poema de amor.  A minha voz chorosa caminhou vagarosamente com todo amor à procura do doce e inesquecível sorriso de Silvia:

L' Amour est bleu !

" Doce, doce, o amor é doce !
. Doce é minha vida em seus braços,...
. Doce é minha vida perto de você,...

. Azul, azul, o amor é azul !
. Que embala meu coração tão apaixonado,...
. Como o céu que brinca em seus olhos,...
. Como a água que corre para o mar,...
. Assim corre meu coração atrás de seu amor !

. Cinza, cinza, o amor é cinza !
. Cai a chuva quando você não está !
. Chora o vento quando você se vai,...
. Chora meu coração quando você não está mais !

. Azul, azul, ... o amor é azul !
. O céu é azul quando você volta,...
. Azul, azul, o amor é azul,...
. Meu amor é azul quando estou com você ! ".


. Silvia,... joyeux anniversaire !


" Bleu, bleu,... l'amour est bleu,...bleu est ma vie quand je suis à toi ! "
( meu amor é azul quando estou com você ! )
...

Quando terminei de cantar, emocionado com algumas lágrimas ameaçando e um sorriso tímido e  esperançoso, fez-se um interminável silêncio de quase alguns segundos que parecia um "barulho ensurdecedor", seguido de aplausos e gritos de "beija,... beija,...beija..." deixando-me ainda mais "embaraçado" pois eu não resistia à vontade de realmente beijar aquela moça.

Ela levantou-se de sua carteira e veio até a mim com os braços abertos... Não resisti àquilo e abracei-a com todo ardor, cumprimentando-a pelo aniversário... Arrisquei um beijo em seu rosto mas,... para minha surpresa e de todos os presentes, beijâmo-nos com os lábios colados de forma tão natural e espontânea provocando a manifestação de alegria de nossos colegas e da minha querida professora que havia "preparado" toda aquela situação.

- Silvia,...
- Doca,...
- Silvia,... eu te amo desde aquele dia....
- Doca,... Doca,... eu te amo também !

Dizem que até hoje, naquela escola, existe um quadro com as inscrições " Sil e Doca - L'Amour est bleu ! e,... pelos corredores ainda ecoam os sussuros de amor !

Já faz muito tempo... mas tudo parece ser agora !

Vou caminhar um pouco por aí,... talvez naquela praça, naquela rua onde ficava aquela lanchonete... Ah,... O amor é azul e eu estou apaixonado !

-    o    -
Raul de Abreu
21 / 06 / 2011

segunda-feira, 13 de junho de 2011

VICTOR LEÓN E A LUZ !


Já faz muito tempo que Victor seguiu por aquela Escada ao encontro da Luz !


Estávamos só nós dois naquele quarto do hospital, naquela madrugada fria, úmida, triste, que parecia interminável e nós rememorávamos vários momentos alegres que passamos juntos.

Eu tinha muito respeito pelo meu querido amigo, a quem eu chamava de Irmão. E ele, da mesma forma, demonstrava muito carinho para comigo de tal maneira que eu até ficava constrangido, visto que nem todos os outros, até os sanguíneos, recebiam dele tal consideração.

- Você, meu querido Irmão, sempre foi muito sincero comigo. Naquela tarde que eu não aguentava mais de dor, desconfiado que eu tinha esse mal incurável, só voce teve a coragem de me contar a verdade. Todos até se afastaram de mim, com medo de olhar nos meus olhos ...
- Meu querido Irmão Victor, não fale nada... Você precisa descansar. São 2 horas da madrugada. Fique calmo, eu vou ficar aqui ao seu lado até o dia amanhecer...
- Não ! Eu sei que não vou ver o dia amanhecer !
- Vai sim, confia Nêle e você estará bem ao amanhecer...
- Meu Irmão, eu não estou aguentando a dor... Tenho vontade de pular esta janela e acabar tudo agora. Me ajuda, eu preciso pular...
- Não, Victor. Você não pode fazer isso !
- Por que não posso? Eu não aguento mais... Já estou morto mesmo... Por que sofrer até o último minuto ?
- Meu Irmão, você tem que ser forte. Esse é o seu grande momento de mostrar que absorveu todos os ensinamentos e praticá-los. Há aqueles outros que esperam de você... Você estava perdido, nas Trevas e viu a Luz, ... Estava na Matéria e conheceu o Espírito; e agora está prestes a subir por aquela Escada e preparar a chegada de seus Irmãos que logo mais estarão novamente com você... !
- É difícil... chame o médico,... preciso mais aquela injeção...

Victor estava com câncer e os médicos não tinham mais esperanças de sua recuperação. Todos os amigos e parentes pensavam que ele não sairia vivo daquele hospital. Ele já estava há quase 1 ano sofrendo e até poucos dias antes de sua internação todos diziam que ele estava com uma úlcera. Eu não podia dizer a mesma coisa pois sempre pensei que sómente ele que deveria decidir o que fazer, consciente da gravidade de seu mal.

Uma tarde, uns 3 meses antes daquela madrugada, eu estava com Victor conversando sobre nossa filosofia, quando ele pôs a mão no meu peito, olhou firme nos meus olhos e disse:

- Meu Irmão, eu confio muito em você. Acho que eu estou com câncer e todos querem me enganar. Diga-me você a verdade que eu só acredito em você.

Eu não sabia o que fazer. Temi muitas vezes que chegaria esse momento. Mas, pensei que eu gostaria de saber a verdade se a situação fosse comigo. Eu iria aproveitar os meus últimos dias para organizar tudo que devesse ser organizado, resolver tudo que tivesse que ser resolvido, abraçar meus entes queridos e fazer uma festa a cada instante e me preparar para partir deixando sorrisos, alegrias... Mas eu não sabia se Victor iria pensar assim...

- Meu querido Irmão Victor, há o momento de chegarmos e o momento de partirmos. Já vivemos bastante e com muita alegria... mas há muito ainda para vivermos e darmos alegrias a todos que nos cercam. Precisamos deixar a todos uma esperança de um dia melhor, um sentimento de tranquilidade, de conforto,... mesmo que daqui a pouco estejamos distante e só possamos nos falar nos sonhos. Mas, os sonhos, devem ser bons... devem ser daqueles que temos de nossos heróis que lutaram pela Liberdade, pela Igualdade, pela Fraternidade, pela Justiça, pelo Bem... Temos que ser Espelho que reflete boas ações, coragem, perseverança, fé... Temos que mostrar àqueles que ficam que tudo é mera passagem mas o que fica é o Exemplo que seguirão confiantes, com orgulho e alegria de terem convivido com pessoas de grande valor !

- Eu sabia ! Eu estou com câncer. Estou no fim, não é ?
- Não sei dizer, Victor. Agora tudo vai depender de como você vai se comportar daqui em diante. Precisa ser disciplinado, tomar direito seus remédios, evitar tudo aquilo que faz mal...
- Então, querido Irmão... eu quero hoje comer uma feijoada. Você vem comigo !. Vou tomar uma caipirinha, uma cerveja, vou comer tudo que vier pela frente... E depois vou cuidar para que minha esposa e filhos fiquem tranquilos e, que meus amigos, não tenham mais nenhum medo de ficarem perto de mim. Você me fez um grande bem, mas fez principalmente aos outros que não estão com coragem ... Agora, vamos viver cada momento com sabedoria e com muita alegria !.

Fomos ao bar que ficava perto da loja de Victor. Um lugar simples, de gente simples... Comemos e bebemos mais do que devíamos. Contamos piadas, lembramos situações,... rimos o tempo todo.

- Este vai ser o meu último cigarro ! Esta minha última caipirinha ! Esta minha última cerveja..... hoje ! (risos). Amanhã será um novo dia,... e já que lá "Em Cima" onde vou ficar não deve ter tudo isso, vou aproveitar pra levar a barriga cheia... quem sabe o São Pedro me arrume um lugarzinho especial se eu levar uma caninha dessa... (risos) !!!

Victor tinha bom humor. Estava carrancudo meses atrás porque estava ofendido com o afastamento dos amigos. Mas, entendeu a situação e perdoou prontamente a todos, dizendo-me naquele momento:

- É, meu Irmão: eu também não sei o que faria se isto estivesse acontecendo com outra pessoa. Não posso julgar porque talvez eu estivesse fazendo o mesmo !

A madrugada seguia vagarosamente... O relógio demorava horas para andar alguns minutos...! Eu não aguentava mais o sono e cochilei alguns segundos sentado ali naquela cadeira fria... De repente, ouvi um barulho e acordei assustado, sentindo um calor incrível em todo o corpo... Era Victor que estava fora da cama, em pé em frente à janela do quarto que ficava no 9º andar ...

- Victor ! O que você está fazendo ?
- Meu Irmão, eu não aguento mais a dor...
- Mas, Victor, nós não concordamos que voce vai lutar com coragem e bravura até o fim ?
- É,... mas está doendo demais... me ajuda a acabar tudo isso...
- Meu Irmão Victor,... venha pra a cama. Vou chamar o médico. Ele vai aplicar a morfina novamente e você vai dormir...

Vieram o médico e enfermeira e aplicaram o sedativo em Victor. Mas, já não fazia mais efeito e o pobre amigo ali gemia de muita dor...

- Victor, falta pouco pra você seguir a sua Viagem até o Deus... Vamos rezar...

Victor ficou me olhando com lágrimas nos olhos e mal conseguia pronunciar as palavras...

O relógio marcava 4 horas e meia. Rezamos as orações tradicionais e em seguida fizemos uma prece pedindo ao Criador que amenizasse o sofrimento de todos e que permitisse a paz e serenidade.

Victor pareceu adormecer e eu apaguei a luz do quarto. Alguns minutos após, chamou-me:

- Irmão, que horas são?
- São 20 minutos pras 5 horas, Victor...
- Você acendeu a luz do quarto novamente?
- Nâo, Victor . Está tudo apagado...
- Mas está tudo claro... Olha que luz linda que está vindo...
- Que luz, Victor ?
- Olha a Luz.... olha a Luz....

Senti um calafrio que nunca havia sentido antes. Tudo estava escuro no quarto mas tive a sensação que uma Luz adentrava vagarosamente no quarto em direção a Victor que estava ali paralisado com olhos arregalados...

- Olha a Luz, querido Irmão.... Olha a Luz... Eles vieram me buscar.... !

Senti lágrimas escorrerem em meus olhos sem que eu pudesse controlar... Comecei a soluçar, ... olhei pra Victor que estava ali sereno, de olhos abertos e arregalados, balbuciando...

- Olha a Luz, ... olha a luz ... !

Olhei pra janela e percebi que algo estranho entrava vagarosamente em direção a Victor, como uma brisa, iluminando tudo ao redor, refrescando e perfumando todo ambiente. Durou apenas alguns segundos, enquanto o meu amigo ali, de olhos ainda abertos, suspirava aliviado.... Ele "deixou" aquele lugar naquele instante !.

Fiquei estático, assustado, diante daquele clarão...

Ainda hoje, tantos anos depois, não sei dizer se realmente vi aquela Luz, que era de uma beleza incomum,... ou se apenas pensei que vi !. Mas, de qualquer forma, eu nunca havia imaginado algo tão bonito, tão sereno como aquilo que estava acontecendo naquele quarto de hospital.

A escuridão voltou ao quarto !.

Imediamente chamei a emergência... Vieram rápido. A enfermeira, silenciosa e respeitosamente estendeu-me a mão...

- Seu amigo se foi ! Agora ele está em paz junto ao Criador !

Fizemos um longo silêncio...

Nunca imaginei estar diante da Passagem da Vida para a Outra Vida tentando amenizar a dor e encorajar o Viajante. Não sei como pude ter forças para suportar tudo aquilo e demonstrar ao meu querido amigo que nada termina mas, sim, que sempre uma nova história se inicia.

Ele foi um bom homem. E sua história será sempre contada pelos seus amigos:

" ... Victor estava lá no bar tomando uma caipirinha, comendo uma bela feijoada,... sorrindo... sorrindo... sorrindo.... e ele se foi por aquela Escada como um Verdadeiro Leão Vitorioso, um Herói... como era o seu próprio nome: VICTOR LEÓN ! "...

- Victor, estou com saudades ! Não se esqueça que me prometeu "aquele Comitê de Recepção" quando chegar a minha vez... !.



Raul Abreu
13/01/2010  16:18

terça-feira, 7 de junho de 2011

DE BOCA EM BOCA, NA BOCA DO POVO !


Naquele estabelecimento bancário, havia uma garota maravilhosa que era principal e exclusiva responsável pelo aparecimento diário de tantos clientes querendo abrir uma conta. - Era a   ELIANE !


Moça simples, cursando ainda o colegial, com um sem número de pretendentes que diariamente passavam no Banco para fazerem aquele famoso “Agá”, contando fantasiosas histórias e prometendo “aplicações” em carteiras do Banco.

Ela era apenas uma balconista que atendia aos clientes em atividades como entrega de talões de cheques, recepção/entrega de documentos e outras pequenas atividades administrativas.

Poucas mulheres naquele banco ocupavam cargos de importância. Apenas a Contadora, uma mulher forte, carrancuda, sisuda, de pouca fala e de um bíceps invejável.

Mas a Eliane era a preferida de todos os funcionários, desde o Contínuo até o Gerente Geral que, enquanto atendia um cliente muito importante, chamava-a sempre com a desculpa de alguma solicitação, para exibi-la ao visitante e “dar uma bela olhada na moça”.

ELIANE

O Gerente era tão cara-de-pau que não escondia de ninguém aquele desejo incontrolável que tinha pela garota... e ela, nada bobinha, quando entrava na sala do Dr. Gerente, fazia o maior charme, deixando sempre notarem alguma parte notável de seu notável corpo.

O visitante nada mais falava quando ela entrava. Ele punha os dedos na boca, pra segurar uma exclamação, olhava a moça de cima a baixo e de baixo a cima, enquanto o Gerente ficava ali boquiaberto pensando em "São Cristóvão das Causas Impossíveis "!.

- Meu Deus do Céu, cara. Essa tua funcionária é uma parada militar. Te dou 10 cabeça de gado pra sair com ela um dia!
- Não meu amigo. Essa moça é muito séria. É muito bonita sim, mas muito recatada, ... nem tem namorado! Ela é muito estudiosa, moça direita. Tem futuro. E eu faço a maior questão de ajudar porque ela tem talento e é muito boazinha!
- Sai pra lá, malandro! Tu é picareta que eu sei! Por trás dessa pança, cemitério de frango que eu sei, tu tá sempre é pulando a cerca com as suas empregadinhas.
- Que que é isso, amigo? Eu sou casado,... nunca saí da linha. E minha esposa é uma Santa! Eu amo a minha família... veja lá se eu um dia iria desejar uma menina tão pura, tão ingênua, com um futuro brilhante pela frente como essa mocinha Eliane.

O pessoal do Banco ficava só olhando.... Aquele gordão filho da mãe do Gerente, de nome SEU VAVÁ era o maior tarado que não perdoava nem saia de padre e ficava ali assediando os clientes pra aplicarem em sua agência, contando com aquele visual celestial da Eliane.


SEU VAVÁ

Ah.... Eliane ! Que mulher maravilhosa ! Uma moça de pele clara, cabelos compridos e loiros com luzes, um corpinho escultural, olhos verdes, um sorriso contagiante, uma voz tão macia, uma carinha de anja e um fogo de vulcão!

o doce rostinho da ELIANE

Eliane tinha apenas um probleminha: Usava aparelho ortodôntico! (aqueles araminhos).

O Gerente não sabia,... mas Eliane saía de vez em quando com o boy e ficava nuns amassos de fazer inveja ao melhor dos padeiros "sovando a massa do pão" !.

E Seu Vavá suava,... suava... suava ! Tudo por causa do calor que sentia quando Eliane passava com aquele andar tão provocador...

Seu Vavá era um homem muito envolvido com as atividades sociais da cidade. Fazia parte de vários clubes de serviços, inclusive era freqüentador assíduo nos acontecimentos da Igreja.

Sua esposa, Dona Lili, era voluntária em todos tipos de atividades da comunidade. Era uma mulher muito fina, sempre muito bem penteada, bem vestida, bem maquiada. A verdadeira esposa ideal !

Dona Lili

Ela sempre viajava para vários lugares importantes, principalmente no exterior. Reunia suas amigas em chás beneficentes quando aproveitava pra contar sobre suas viagens, exibir suas fotos, falar de suas compras, etc, o que deixava as outras com muita inveja !

Tinha 2 cachorrinhos lindinhos: Kika e Keko.

Kika e Keko
Tinha horários marcados todos os dias no analista, na academia, na hidroginástica, na linfática, no salão de beleza do Gigi, na liga das senhoras de beneficência, etc.

Seu Vavá, cujo nome era "Durvalino", o Gerente, quando saía do banco, primeiro passava na Igreja pra cumprimentar o monsenhor, ia até a padaria comprar o filão e alguns frios, comprava o cigarro mentolado, tomava uma cervejinha, depois um café e ia pra casa.

Durvalino era o funcionário perfeito. O marido perfeito. O homem perfeito. O amigo perfeito. Homem sério como ele.... jamais !

Um belo dia, Dona Lili, sua esposa, foi viajar para o Rio de Janeiro onde passaria 10 dias na casa de amigos.

Durvalino no Banco via Eliane passar e suava... suava ... suava !

Eliane, sabendo da viagem de Dona Lili, foi até a sala de Durvalino com um documento para assinar. Ela estava com uma blusa linda, com um decote que mostrava bem seus seios toda vez que abaixava a cabeça pra mostrar onde o Gerente tinha que assinar.

Decote da Liazinha

O danado so Seu Vavá tremia e perguntava:

- Onde? Onde devo assinar? Aqui? Onde?
- Aqui nessa linha, Seu Vavá.... Sim, aqui nessa linha. Assine aqui.... Quer que eu mostre outra vez ?...

Ela estava se deliciando em ver o Seu Vavá ali perdendo o controle e abaixou-se várias vezes pra mostrar onde deveria assinar. E até deixou cair a caneta umas três vezes só pra abaixar mais ainda.

- Puxa, esses documentos são tão complicados, né Elianinha... se não fosse você....!
- Ah,... Seu Durvalino....
- Deixa disso, "Liazinha", pode me chamar de Vavá, e nem me chame mais de Senhor, ta? Você é uma moça de futuro aqui. Estou pensando em promovê-la.... precisamos conversar sobre isso qualquer dia...já posso imaginar você Executiva, a Gerente Dra. Eliane !
- Ah, Vavá.. pois é. Eu hoje não vou ter aula... se você tiver uma chance, poderemos conversar depois do expediente, o que você acha ?
- Sim... sim.... Combinado !. Espera-me lá naquela esquina e não deixa ninguém perceber porque esse pessoal não entende que eu quero é dar valor a quem merece e pode ficar aí fofocando.
- Não se preocupe. Estarei esperando no lugar combinado !

Vavá, enquanto conversada com Liazinha (já era intimo dela), tremia que não parava e ficava só imaginando que até que enfim aquela loiraça “tinha chovido na sua horta!”

Na cidade vizinha, muito pequena, haviam inaugurado um motel chamado Love Story.

Dona Lili já estava no Rio de Janeiro.

.... Então,... como diz aquele velho ditado:  "juntar a fome com a vontade de comer !"

Vavá saiu apressado do banco, pegou Liazinha e foi direto pro motel. O homem não sabia o que dizer, o que fazer.... Primeiro tentava dizer que tinha levado Liazinha ali pra conversarem mais tranquilamente..... e Liazinha, sorrindo com cara de marota, foi tirando o seu paletó, a gravata, a camisa, a calça, as meias.... deixou o homem só de cueca e empurrou-o pra cama.

Vavá tremia, não sabia onde por as mãos !.

Liazinha começou a tirar a blusa, a saia, o espartilho, ... tirou tudo bem demoradamente ficou só de uma calcinha preta fio dental e pediu pra Vavá tirar bem devagar.

O Homem estava ali quase tendo um enfarto, gaguejava, suava... suava...suava !

Mal podia acreditar, Liazinha tirou sua cueca e começou a massagear todo seu corpo e mordiscá-lo... até chegar em seu pênis... e começou a fazer sexo oral com Vavá.

Vavá, tremendo... tremendo... tremendo,... gritava:

- Ai meu Deus! Ai meu Deus! Isso aqui é o Paraíso! Isso aqui é o Paraíso.

De repente, aconteceu o INESPERADO !

Liazinha tinha aparelhos nos dentes. O arame prendeu a pele do "coitado" do coitado do Vavá que não parava de gritar:

- Ai, tá doendo! Tá doendo !. Puxa vida como dói ! Tira logo isso aí... tira.. tira....

Liazinha, assustada, não conseguia tirar... tentava desengatar o arame da pele do pênis de Vavá, mas não conseguia. Ficou desesperada e... quanto mais tentava tirar o "negócio", mais machucava o “coitado” do coitado do Vavá ... !

- Tira logo... tira logo. Ai meu Deus que droga !. E agora o que é vou dizer lá em casa ? Ai meu Deus...

Não tiveram saída e chamaram o serviço do motel pra ajudar.

Chegou um homem no quarto e viu aquela cena e não conseguiu parar de rir. Era trágico, mas não dava pra parar de rir..... E aquele gordão lá chorando como uma criança. Tiveram que chamar o médico.

Ambulância foi chamada, mas naquela cidade não tinha. Tiveram que chamar a Ambulância da cidade vizinha, onde Vavá era o Gerente do Banco.

Quando o médico de plantão entrou.... olhou bem pra cara do Vavá, deu uma risada muito filha d.p. e disse:

- Então meu amigo, você não tinha me dito ontem lá no Banco que era durão? Pois então agüenta aí que vou ter que cortar a pele do seu "negócio" aí!

Vavá não disse uma palavra durante o procedimento médico, a não ser gritar de dor. Ao saírem, implorou ao médico para não contar nada a ninguém sobre o ocorrido.

Mas,... quem é que ia segurar a boca dos paramédicos que acompanharam?

No dia seguinte, Vavá estava em sua sala todo mal humorado, com dores, com cara de doente quando entrou o FAZENDEIRO amigo do Vavá que havia oferecido 10 cabeças de gado e, de lá da porta de entrada do banco, fumando um charuto cubano, foi logo gritando:

Fazendeiro amigo do Vavá

- Hei Vavá, ... Hei Vavá ... ! Que tal ? Quer fazer uma boquinha ? Não vai doer nada ... (lol) !

Todos os presentes não conseguiram conter uma grande risada ! Vavá nunca mais teve sossego !

Dona Lili parou de ir a salões de beleza e de fazer atividades voluntárias. Para se distrair e esquecer de tudo,... adquiriu mais um casalzinho de cãezinhos da raça poodle: lálá e lélé !

Liazinha foi promovida, mas passou a ser conhecida em toda a cidade como “ A Loirinha Boca de Ouro” !

E pra terminar essa historinha, só posso dizer: 

" Cuidado com o que voce diz ou faz, pois se voce não consegue guardar o seu segredo.... ahaaaaaaaaaa.... vai cair na boca do povo também ! ".

ficou sabendo ? mas não conte pra ninguém, viu ???...



Raul de Abreu
29 / 12 / 2009  11:44

NOVEMBRO...




O quê dizer sobre Novembro ? Parece não haver nada tão especial, afinal, é apenas o Décimo Primeiro mês do ano e nada mais que o penúltimo.

Mas, não é bem assim. Há muito o que dizer sobre a PRIMAVERA AUSTRAL e suas influências sobre tudo que existe em nosso planeta no Hemisfério Sul. Mas, há também que se considerar que no Hemisfério Norte ocorre o Outono Boreal.

Contrastes que se encontram em muitas coisas. Diferenças que se harmonizam e dão cores lindas, como também nas outras estações. Podemos observar a beleza das Auroras Austral e Boreal, as flores e os lugares  nas fotos abaixo:



Aurora Austral (Primavera no hemisfério Sul)

Aurora Boreal (Outono no hemisfério Norte)

Flores na Primavera (hemisfério sul)

Folhas caindo no Outono (hemisfério norte)

Copacabana na Primavera (hemisfério sul)



As pessoas na Primavera (hemisfério sul)

A praia no Outono (hemisfério norte)
(meu querido filho Rodrigo na Dinamarca)

As pessoas no Outono (hemisfério norte)
(meus queridos filhos Rodrigo e Fernanda na Dinamarca)

Não importa onde estejamos em Novembro, seja na Primavera a Estação das Flores e do Amor ou no Outono, a Estação das Folhas caindo. Tudo em novembro tem uma beleza rara: 

- No hemisfério sul a temperatura já não se faz fria do inverno recente porém sim, mais quente e agradável preparando a chegada do verão. As pessoas, em roupas mais leves exibindo seus contornos, estão mais alegres, mais dispostas, com muitos planos e sonhos e amando seus amores com muita disposição. É quando tudo começa a se transformar, como se dando nova vida à vida. É o amor em plena euforia, iniciado com tanta ansiedade em Setembro.

- No hemisfério norte, as pessoas mais recolhidas com o inverno batendo à porta. Porém, bem trajadas com roupas mais quentes, exibindo belos agasalhos, luvas, botas, mantas,... E reúnem-se nos bistrôs ou em suas residências para aquecerem-se ao lado de lareiras com as bebidas quentes, conversas alegres... e também, como no inverno, na primavera ou no verão... não deixam de amar e ver a beleza da estação, bucólica, não triste mas sim própria para amar !

Amar !

Amar é bom em qualquer estação, em qualquer momento, em qualquer lugar. Mas, em Novembro, transição das estações dos solstícios e equinócios - CONTRASTES NOS HEMISFÉRIOS, que marcam  o posicionamento do Sol em relação à Terra e, consequentemente, os dias e as noites são mais frios, mais amenos, mais quentes, mais longos ou mais curtos,... e interferem no comportamento das pessoas e sua disposição física ou psíquica, gerando alegria, nostalgia, saudades, poesias, encontros,....

Estamos na Primavera no hemisfério Sul e no Outono no hemisfério Norte. Não nos preocupemos onde agora estejamos, talvez uma bebida para refrescar ou uma outra para aquecer, mas em qualquer lugar, agora é hora, e sempre é hora e lugar, para brindar a vida, sorrir, cantar, dançar ..... e amar !

Raul de Abreu
01 / 11 / 2010
05:21 hs