quarta-feira, 29 de abril de 2015

HOMEM, UM SER SOLIDÁRIO !.

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Pré-julgar é um ato infeliz praticado por pessoas, no mínimo, mal informadas !. Quando não, mal intencionadas.  
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Portanto, mister se faça a compreensão da verdadeira intenção, cá explicitada, no afã de amenizar eventuais tormentos que as pessoas do sexo tão delicado e frágil, claro que nos referimos às mulheres, eventualmente possam ser acometidas ou já se encontram em tal estado.
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Estava dia desses observando BALTAZAR, um carijó muito dedicado, carinhoso e grande defensor de sua tão saudável  “família fasianídea” !.
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- Có... có.. có... có...
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Enquanto ciscava o terreiro, ia logo Baltazar convidando as galiformes para saborearem e abastarem-se com aquelas apetitosas especiarias que ele, com todo cuidado e amor, ia tão “cavalheirescamente” retirando do solo.
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- Có ... có ... có ... có... !

BALTAZAR
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Baltazar a qualquer movimento suspeito vindo lá doutra banda, ia alertando de eventuais perigos e, já todo garboso, lançava-se de peito altivo contra o que pudesse surgir, fosse até uma raposa, quem sabe um gato do mato, ou até mesmo um “gatuno” que houvesse pulado a cerca visto ser apenas um “pé-rapado ladrão de galinhas” !. E ele, Baltazar, impunha respeito e sempre punha para correr o indesejado perigo.
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- Bom dia, dona Madame,... obrigado madame !.
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E assim ia ele de penosa em penosa, cumprindo o seu papel de Homem Solidário e Protetor, carinhoso que se diga outra vez, levando o conforto e um pouco de amor à sua e suas queridas amadas.
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Interessante: todas elas felizes e nada ciumentas !.
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As FASIANÍDEAS
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Fico cá pensando:
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Vivemos nos dias atuais tal liberação da “franga” que é normal ouvirem falar:
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- Já não se fazem mais Homens como antigamente !.
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E assim dizem com orgulho e muita propriedade pois há aqueles que trabalham dentro de “armários”, outros que, assumidos, “saíram dos armários” e ainda uns outros que, devido aos intempéries da vida, quer seja no ambiente de trabalho, quer seja por causa daquele maluco gerente de banco, quer seja pela política corrupta, quer seja pelas injustiças gerais, ou então até mesmo por causa do “Santo” que não perdoa aquele “último gole”,... por tantas inumeráveis e irrelacionáveis razões, ... “já não se fazem mais Homens como  antigamente !”.
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Estatísticas demonstram que em nosso País, 63% da população respondem pelo sexo feminino. Dos restantes 37%, podemos afirmar que apenas 10% “ainda” são homens, enquanto que o restante tem cerca de 5% de Homens com problemas de saúde e os demais 22% assumiram a Bandeira do ARCO-ÍRIS e dizem: Ui...ui..ui....!!!.
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Portanto, CQD (conforme queríamos demonstrar), há muita mulher sobrando e pouco homem que possa ser um DIGNO BALTAZAR para ciscar o terreno e proteger com a Hombridade necessária às doces e lindas mulheres que enfeitam o Jardim de nossa Casa.
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Mulheres ! Ah, as mulheres !!!.
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São loiras, são ruivas, morenas, vermelhas, amarelas,... são tantas,.. são "Rosas, Formosas, Mimosas, são Rosas de Abril, de Janeiro a Dezembro, são lindas as Rosas do Ano Inteiro, são muitas, são tantas, são todas crianças, a me confundir, Ah... são Rosas, são Rosas, são Rosas "... ! Ah,... coitadas das mulheres com tantos afazeres por fazer e a carência tão grande de um Baltazar !.
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Estive esses dias pensando: 
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Tenho algo parecido com BALTAZAR: eu tenho um BAITA AZAR !.
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Explico: Os Homens são SOLIDÁRIOS (estes 10% que existem) mas as mulheres, 63%, são EGOÍSTAS, diferentemente daquelas fasianídeas pois, enquanto convivem harmoniosamente com Baltazar, as outras, egoístas, querem-no apenas para si e “ai se o coitado (nós) resolver pular a cerca para a seara alheia ! ”... vira frango ensopado e é servido como “CALDO DE GALINHA !”. Duro pensar nisso: o “touro sendo comido como carne de vaca !”. Melhor então ser apenas os 5% e dizer: “já fui bom nisso !”.
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Fico cá imaginando (vivo na imaginação):- que bom seria que as mulheres, pelo menos umas 45% das 63% existentes fossem mais tranquilas e menos exigentes !.
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Então poderíamos, nós os 10%, visitar a cada dia uma respeitada Senhora ou Senhorita e dizer:
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- Bom dia madame, hummmm... !. Obrigado madame... !.
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Como o beija flor, indo de flor em flor levando, todo dia, o seu carinho e o seu amor !.
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Meu nome é Salazar,... Mas estou seguro que ainda irão me chamar:
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- Vem cá, Baltazar,... vem cá Baltazar !.
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Dorival Cymmi  -  Das Rosas
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. Raul Ramos Neves de Abreu
29 Abril 2015
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sábado, 11 de abril de 2015

À SOMBRA DAS TAMAREIRAS

Despediam-se da conterrânea, proferindo a oração póstuma na língua pátria, homenagem emocionante na hora derradeira.
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Embora a tristeza do momento, uma beleza solene envolveu o ato, pois, mesmo na presença da morte, a expressão comovida de lágrimas puras, quase como uma prece a envolver os sentimentos sublimando o pranto.
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Kasma, naquela tarde, partia para o seu merecido repouso deixando a comunidade árabe e todas as demais pessoas moradoras daquela cidadezinha muito desconsoladas.
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Kasma e Abud eram Libaneses.
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De sua família estavam presentes seu marido Abud e os filhos Salomão, Kalisto, Sarah, Jorge, José, Sada, Clarita, Elias e Assima (também conhecida como Sumeia). Entre sons estranhos de uma língua estranha, a expressão da tristeza no aceno de adeus, poesia dos que ficavam àquela querida que partia.
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Olhos marejados em tantas lágrimas...
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Não se entendiam as palavras, mas a alma dos presentes podia traduzir na entonação, o sentimento, a sinceridade e o carinho de todos que ali manifestavam.
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Estranho,... a poesia declamada nas lágrimas transformando-se em palavras !.
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O céu se transformou de repente. Entardecia, quase noite. Tudo mudando com o caminhar silencioso, a brisa como um doce afago, os últimos raios solares em tons tão serenos.
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Pensamentos voltados a lugares distantes, misteriosos, gélidos nas noites ao amanhecer e causticantes naquela imensidão do deserto, contrastes dos contrastes, como em um sonho mergulhado nas maravilhosas estórias do Saara !.
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Véus sobre o rosto, ela havia se transportado do longínquo por artes do destino caprichoso, aos ventos tropicais de outra terra.
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Aqueles mistérios do Oriente, de camelos e aragens quentes, do frescor das águas de Oásis à sombra de Tamareiras, das areias desconhecidas, aqueles contos de noites em que o Califa desposava gentilmente a filha do Sultão, ...  jaziam lá no passado que se transformou em um presente de estrelas majestosas em uma poesia sutil diante da cruz simbólica do sul ocidental.
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Salaam Aleikum... ! Salaam Aleikum...
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Orações no idioma árabe que poucos entendiam...
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O doce aroma de tâmaras no cicio das tamareiras... O deserto, a areia, os véus e seus mistérios,... o caminhar silencioso de volta às casas daqueles todos entristecidos da pequena cidade, todos voltados num só pensamento e em um só nome: Kasma !.
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Nas orações nos idiomas não conhecidos, poder-se-ia entender o sentido de um poema choroso declamado tão vibrante:
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..Tu, que despertaste à luz das Mesquitas e te viste crescer à luz de uma terra diferente;
..Tu, que ouviste falar das noites mais lindas, de encantos, mistérios e lendas férteis de ...imaginação;
..Tu, que acordaste lá e que a sorte te fez dormir aqui;
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..Ouve:
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..Onde descansas, Kasma, embora em lugar tão diferente, ouvirás, como consolo, a voz da ..Pátria distante, na poesia derradeira – como se a natureza pranteasse, também, a ..despedida, quando a noite velar por teu último sono, à luz do Cruzeiro do Sul, de um ..murmúrio de Palmeiras e lamentos de brisa – algo que então dirá aos teus ouvidos:
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....- Saudade, gosto tão doce,
....- Saudade tão roxinha,
....- Como tâmara fosse,
....- Da minha querida terrinha !.
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(esta crônica foi escrita em homenagem ao passamento de Sra. Kasma em Outubro de 1963, na cidade de Tambaú - interior do estado de São Paulo - Brazil.  Foi na ocasião publicada no  Jornal O TAMBAÚ.).
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Raul Ramos Neves de Abreu
11 abril 2015