domingo, 9 de setembro de 2012

THE SMOKE


... Escondia-se atrás da fumaça  de seu cigarro e, cada vez mais, aspirava profundamente perdida em seus pensamentos distantes que nunca pude entender !
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Ficava ali ao seu lado observando  silenciosamente, apesar de inconformado com aquela rotineira fuga para esse mundo  desconhecido e sinistro... ela, às vezes, desviava o olhar, para o nada,  com um tímido sorriso e soluço... enquanto a fumaça tomando  formas diversas vagarosamente desprendendo-se no ar "aromatizando" todo o ambiente.

O que haveria em seus pensamentos que, mesmo consciente do caminho obscuro, trilhava confiante (?) à procura  do... não sei dizer "do quê" mas, certamente, à procura de algo que parecia tão necessário, desejado, de tal forma que nada ao seu redor fazia qualquer outra importância ?

- Você gostaria tomar um lanche ?
- Não ! Não estou com fome ! Talvez um café !
- Um café ? Mas você já tomou tantos café e não se alimentou direito ainda...
- Não tenho fome. Se quiser fazer um  café...

Mais uma vez, mesmo contrariado e preocupado, fui fazer um  café.  Pensei, talvez, adicionar um pouco de creme ou mesmo de leite...

- Você quer que eu ponha um pouquinho de leite ou, talvez, um pouquinho de essência daquela que costumávamos tomar ?
- Não ! Puro mesmo,... só café puro !
- Mas,... você não  comeu nada ainda... e muito café não  faz muito  bem,... você vai acabar tendo uma gastrite... Que tal um lanchinho ?
- Não insista ! Não quero comer ! Se quiser me dar um café, que seja ! Não force porque não quero comer !

Assim era todo dia, ... através daquela fumaça deveriam ir descortinando coisas que nunca soube imaginar mas que sómente ela com o olhar fixamente hipnotizado desvendava com manifestações alternadas de sorrisos amarrados, olhos marejados, e silenciosamente murmúrios... "ai, meu Deus !".

O quê fazer ?

- Posso lhe servir um doce ?
- Não ! Não estou com fome...
- Gostaria de um suco...?
- ........

Apenas a fumaça de seu cigarro lhe trazia encantos, sei  lá quais, e a vida lá fora ia caminhando, como todos os dias...

Um dia, queira Deus e seja como fôr, tudo isso vai acabar e quem sabe se descortine uma nova alegria de viver bem longe das estranhas imagens da fumaça ! 


The rose acacia  -  Alexandre Desplat
-    o    -
Raul Neves Abreu
12 / 09 / 2012