sábado, 7 de novembro de 2015

BEM QUERER



INDIFERENÇA  -  ZEZÉ & LUCIANO DE CAMARGO
.
Estava seguindo pela estrada, pensativo, esquisito, sem saber porque...!.
.
Dirigindo distraído,  avistando logo à frente meu próprio passado que deslizava vagarosamente, como nuvens sorridentes que iam acenando alegres fazendo-me sorrir também com emoção bem sentida  e saudosa de tanto tempo.
.
SILÊNCIO !. Apenas o ronco do motor e o suave sussurar do vento !.
.
Balancei a cabeça e sintonizei o rádio em uma estação local. 
. 
Que interessante: nunca havia prestado atenção àquela música. Na verdade, sim, é claro que já havia ouvido várias vezes aquela bonita melodia, um som delicioso para relaxar... mas nunca havia "ouvido" a sua letra, quero dizer, claro que ouvi várias vezes e até poderia cantar automaticamente toda a sua letra, porém, nunca prestei atenção na mensagem chorosa do BEM QUERER !.
.
BEM QUERER !.
.
Lembrei de meu pai: Ele era um escritor !.
. 
Era correspondente de jornais, tanto do local quanto o da Capital. Escrevia as notícias, como jornalista, e também publicava crônicas e poesias. Meu pai não era apenas um escritor, ele era um Poeta !.
. 
Escreveu e publicou muita coisa. Tenho quase tudo guardado mas, como naquela música que estava ouvindo, embora tivesse lido várias vezes seus escritos, fosse onde fosse o meio veiculado, apenas li mas não me interessei em entender, assimilar suas mensagens !.
.
Agora entendo o sentido da INDIFERENÇA e me envergonho enquanto ouço essa música:
.
- ... é a sua indiferença que me mata,...que me mata,... que me mata... !"
.
Aquele moço pegou o telefone, chorando, muito triste, implorando:
.
- " Fala pra mim, diga a verdade: de onde vem esse medo que machuca tanto a gente ?. Quero entender, pois me parece tudo errado. Parece um fogo cruzado e não consigo entender !. Venho procurando há tanto tempo,... por quê não me telefona ?. Pelo menos diga-me para esquecer... Tenho o coração partido, sei que estou chegando ao fim. Está tudo errado, é essa Indiferença que me mata. È essa Indiferença que me mata... !".
.
Eu deveria ter lido aqueles poemas e sentido com o coração, não apenas com os olhos e com os ouvidos pois assim é tudo tão vazio. É a pessoa que Queremos Bem que nos fala e não conseguimos dar atenção, menos ainda ouvir e entender sua mensagem.
.
É como "falar ao vento":- ... As palavras rompendo-se em letras desencontradas que vão seguindo pelo ar sem qualquer sentido que se possa compreender, mas trazendo o amargo sentimento da ruptura que fere o coração e a alma, na percepção de quem ama, enquanto a súplica da presença só encontra como eco a Indiferença !.
.
Fala pra mim, diz a verdade...!.
.
BEM QUERER:-... Vou ler novamente, como sendo a primeira vez, tudo que meu pai escreveu. Em seus poemas, há tanta verdade tão linda que só agora que descobri vou poder entender !.
.
Raul Ramos Neves de Abreu
07 - Novembro - 2015