Crédito da foto: Pinterest
Viver um grande amor é algo maravilhoso, que requer das partes a renúncia de muitas de suas individualidades, pois, se não impossível, é pelo menos "quase impossível viver sozinho !".
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Gostaria ter a inspiração, que sempre tanto admirei e segui, de grandes Pensadores que retrataram seus sentimentos através de poemas, poesias aos aos sons de lindas melodias que também foram autores. Refiro-me, em especial, a Tom Jobim, Vinícius de Morais, João Gilberto e tantos outros do mundo todo, desde que se tem notícias sobre Pensadores que fizeram com que pensassem e admirassem as belezas que se observam nas estradas que levam os viajantes ao AMOR !.
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MÚSICA: WAVE - JOÃO GILBERTO
AUTOR: TOM JOBIM
Estávamos em sua casa, na Rua Campos Salles, em uma manhã de julho e,como sempre , ficávamos conversando sobre várias coisas relativas à nossa idade, como por exemplo a Escola, os colegas, os professores, as matérias gerais, as dificuldades ou facilidades em algumas delas, a vida em si - como aquela manhã de Inverno, porém de temperatura amena com o Sol aquecendo carinhosamente e inspirando toda a natureza.
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Interessante como um dia pode afetar nossos sentimentos e percepções sobre tantas coisas. Havia dia em que a chuva, no inverno, derramava mansamente suas pétalas gélidas e ficávamos inertes e silenciosos observando e imaginando tudo aquilo ao nosso redor, como que se em "câmera lenta" o mundo todo ia delicadamente descortinando imagens tão singelas e marcantes, jamais esquecidas, tocando nossos corações e incentivando sonhos. Muitos sonhos.
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Havia também outros momentos em que chuvas de verão tocavam fortemente o chão, calçado de paralelepípedos e de nossa janela observávamos um maravilhoso desfile de soldadinhos de chumbo, imaginários, formados pelas gotas que marchavam em fileiras e seguiam vigorosas ao encontro do rio.
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Aquele era o nosso rio. Inesquecível, admirado, amado, onde íamos sempre nadar e passar longas horas em uma prainha de areia branca onde, após nadar bastante, deitávamos para um repouso mágico enquanto pássaros de diversas espécies e cores sobrevoavam e vez ou outra também banhavam-se naquela fonte cristalina. Um Paraíso, nada mais que um Paraíso.
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Esse rio era muito raso, talvez em seu local mais profundo tivesse aproximadamente dois metros de profundidade, mas em sua maioria não alcançava um metro E no fundo, havia muitas conchas coloridas entre o branco ao rosa. Mas, apesar que sabíamos que as pérolas nasciam em conchas, nunca encontramos um menor sinal dessas preciosidades. Quantos peixinhos banhavam-se por ali...
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Dizem que há muitos anos passados, o local era habitado por índios tupy-guarany e exatamente por causa das conchas, o rio era por eles chamado de "Rio das Conchas" que em seu idioma original diziam "Tambaú". .
José Carlos era um dos meus melhores amigos. Eu também morava na mesma rua, duas quadras distantes da casa dele.
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Seu irmão, talvez um ano mais novo, também era um bom amigo e participava muito de nossas conversas, ou até, inclusive, das caminhadas que fazíamos pela mata onde íamos sempre colher e saborear algumas frutas silvestres, pescar naquelas águas cristalinas que deslizavam suavemente desde sua nascente no alto de um morro na cercania da cidade.
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Naquela manhã, José Carlos estava narrando sobre a escola e, em especial sobre uma colega, de uns doze anos de idade, pela qual ele era apaixonado, mas que nunca havia conseguido ou, pelo menos, tentado dizer a ela sobre os seus sentimentos.
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Como éramos muito amigos, ele resolveu confessar aquela "paixão", aquela doce ilusão de um dia ser o namorado daquela linda garota. Mas, implorou, sob lágrimas, para que eu nunca revelasse aquele segredo e que não o julgasse por amar tanto aquela mocinha que era admirada por tantos outros garotos, inclusive por mim.
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Confesso, como confessei a ele naquele momento, que eu também sentia muito carinho por ela pois havia algo de muito especial que a diferenciava das demais. Não só sua beleza física que se destacava onde estivesse, mas também pela sua suavidade, sua graça, seu jeitinho tão feminino e doce, a sua voz tão gostosa de ouvir, como se fosse o som de um Anjo, seu olhar tão vivo, sua postura tão serena e firme, sua inteligência que a diferenciava como aluna em todas as matérias, sua alegria contagiante, sua... sua... sua... Tudo naquela garota encantava a todos E eu também era apaixonado por ela.
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José Carlos, sabendo de meus sentimentos também iguais aos dele, implorou que eu respeitasse a sua vontade e que nunca tentasse namorar aquela Princesa pois ele não conseguia nem respirar direito quando a via passar, quando estava perto, quando sonhava acordado ou mesmo porque sonhava dormindo com ela todas as noites. Ela era para ele o ar necessário para viver, o elixir da vida, da alegria, de todos os seus sonhos de realização de um Homem Feliz.
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Mas, ele sofria muito por não conseguir a coragem de expressar diretamente à ela, com o receio de não ser bem sucedido e correr o risco de ser preterido, o que significaria a morte. Preferia seguir sonhando com o pensamento de um dia ser notado e aceito por Cristina.
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Cristina !.
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José Carlos virou-se para mim dizendo, cabisbaixo e sob lágrimas:
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- Eu sei que você também gosta dela. Mas eu sinto que meu amor é Platônico, impossível, mas sonho que um dia ele será real. Prometa-me que nunca irá procurar a Cristina para que seja sua namorada. E prometa-me também que nunca contará a ninguém o que acabamos de conversar. Esse é um segredo nosso. Jure pela sua amizade que nunca irá trair nossa amizade !.
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Eu sei sim que você gosta muito dela, entendo isso. Sei que será difícil para mim também. Mas, somos amigos e não posso trair a amizade e o seu pedido. Fique tranquilo José Carlos, que eu juro que nunca irei fazer qualquer coisa que magoe o seu coração e destrua nossa amizade. Mas, saiba que meu coração também está doendo e se um dia você mudar de idéia, por favor libere-me desse juramento.
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Eu não sabia até aquele momento o que era o "amor Platônico" que José Carlos havia referido. Sei que seu pai era um Doutor Advogado, Professor, muito culto e muito respeitado e, talvez, tenha ensinado a seus filhos muitas coisas sobre o amor...
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Meus pais eram muito bons para mim e meus irmãos, mas nunca tivemos momentos de conversas sobre intimidades ou sobre os sentimentos do amor. Eu nunca ouvi de meu pai como deveria me comportar para atrair uma garota e conseguir ser um namorado. Claro, íamos sempre ao cinema e víamos muitos filmes lindos de amor, mas não ensinavam como poderíamos agir para também iniciarmos essa vida que começava a ser percebida por nossos corações já em fase de mudança do "mundo criança" para o "novo mundo adolescente !".
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E o quê é AMOR ?. Há muitas definições que podem ser encontradas, desde PLATÃO que viveu há cerca de 400 anos antes de Cristo, portanto aproximadamente há uns 2.420 anos passados e ele já sonhava com a tão declamada palavra AMOR !.
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Interessante como um dia pode afetar nossos sentimentos e percepções sobre tantas coisas. Havia dia em que a chuva, no inverno, derramava mansamente suas pétalas gélidas e ficávamos inertes e silenciosos observando e imaginando tudo aquilo ao nosso redor, como que se em "câmera lenta" o mundo todo ia delicadamente descortinando imagens tão singelas e marcantes, jamais esquecidas, tocando nossos corações e incentivando sonhos. Muitos sonhos.
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Havia também outros momentos em que chuvas de verão tocavam fortemente o chão, calçado de paralelepípedos e de nossa janela observávamos um maravilhoso desfile de soldadinhos de chumbo, imaginários, formados pelas gotas que marchavam em fileiras e seguiam vigorosas ao encontro do rio.
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Aquele era o nosso rio. Inesquecível, admirado, amado, onde íamos sempre nadar e passar longas horas em uma prainha de areia branca onde, após nadar bastante, deitávamos para um repouso mágico enquanto pássaros de diversas espécies e cores sobrevoavam e vez ou outra também banhavam-se naquela fonte cristalina. Um Paraíso, nada mais que um Paraíso.
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Esse rio era muito raso, talvez em seu local mais profundo tivesse aproximadamente dois metros de profundidade, mas em sua maioria não alcançava um metro E no fundo, havia muitas conchas coloridas entre o branco ao rosa. Mas, apesar que sabíamos que as pérolas nasciam em conchas, nunca encontramos um menor sinal dessas preciosidades. Quantos peixinhos banhavam-se por ali...
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Dizem que há muitos anos passados, o local era habitado por índios tupy-guarany e exatamente por causa das conchas, o rio era por eles chamado de "Rio das Conchas" que em seu idioma original diziam "Tambaú". .
José Carlos era um dos meus melhores amigos. Eu também morava na mesma rua, duas quadras distantes da casa dele.
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Seu irmão, talvez um ano mais novo, também era um bom amigo e participava muito de nossas conversas, ou até, inclusive, das caminhadas que fazíamos pela mata onde íamos sempre colher e saborear algumas frutas silvestres, pescar naquelas águas cristalinas que deslizavam suavemente desde sua nascente no alto de um morro na cercania da cidade.
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Naquela manhã, José Carlos estava narrando sobre a escola e, em especial sobre uma colega, de uns doze anos de idade, pela qual ele era apaixonado, mas que nunca havia conseguido ou, pelo menos, tentado dizer a ela sobre os seus sentimentos.
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Como éramos muito amigos, ele resolveu confessar aquela "paixão", aquela doce ilusão de um dia ser o namorado daquela linda garota. Mas, implorou, sob lágrimas, para que eu nunca revelasse aquele segredo e que não o julgasse por amar tanto aquela mocinha que era admirada por tantos outros garotos, inclusive por mim.
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Confesso, como confessei a ele naquele momento, que eu também sentia muito carinho por ela pois havia algo de muito especial que a diferenciava das demais. Não só sua beleza física que se destacava onde estivesse, mas também pela sua suavidade, sua graça, seu jeitinho tão feminino e doce, a sua voz tão gostosa de ouvir, como se fosse o som de um Anjo, seu olhar tão vivo, sua postura tão serena e firme, sua inteligência que a diferenciava como aluna em todas as matérias, sua alegria contagiante, sua... sua... sua... Tudo naquela garota encantava a todos E eu também era apaixonado por ela.
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José Carlos, sabendo de meus sentimentos também iguais aos dele, implorou que eu respeitasse a sua vontade e que nunca tentasse namorar aquela Princesa pois ele não conseguia nem respirar direito quando a via passar, quando estava perto, quando sonhava acordado ou mesmo porque sonhava dormindo com ela todas as noites. Ela era para ele o ar necessário para viver, o elixir da vida, da alegria, de todos os seus sonhos de realização de um Homem Feliz.
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Mas, ele sofria muito por não conseguir a coragem de expressar diretamente à ela, com o receio de não ser bem sucedido e correr o risco de ser preterido, o que significaria a morte. Preferia seguir sonhando com o pensamento de um dia ser notado e aceito por Cristina.
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Cristina !.
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José Carlos virou-se para mim dizendo, cabisbaixo e sob lágrimas:
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- Eu sei que você também gosta dela. Mas eu sinto que meu amor é Platônico, impossível, mas sonho que um dia ele será real. Prometa-me que nunca irá procurar a Cristina para que seja sua namorada. E prometa-me também que nunca contará a ninguém o que acabamos de conversar. Esse é um segredo nosso. Jure pela sua amizade que nunca irá trair nossa amizade !.
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Eu sei sim que você gosta muito dela, entendo isso. Sei que será difícil para mim também. Mas, somos amigos e não posso trair a amizade e o seu pedido. Fique tranquilo José Carlos, que eu juro que nunca irei fazer qualquer coisa que magoe o seu coração e destrua nossa amizade. Mas, saiba que meu coração também está doendo e se um dia você mudar de idéia, por favor libere-me desse juramento.
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Eu não sabia até aquele momento o que era o "amor Platônico" que José Carlos havia referido. Sei que seu pai era um Doutor Advogado, Professor, muito culto e muito respeitado e, talvez, tenha ensinado a seus filhos muitas coisas sobre o amor...
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Meus pais eram muito bons para mim e meus irmãos, mas nunca tivemos momentos de conversas sobre intimidades ou sobre os sentimentos do amor. Eu nunca ouvi de meu pai como deveria me comportar para atrair uma garota e conseguir ser um namorado. Claro, íamos sempre ao cinema e víamos muitos filmes lindos de amor, mas não ensinavam como poderíamos agir para também iniciarmos essa vida que começava a ser percebida por nossos corações já em fase de mudança do "mundo criança" para o "novo mundo adolescente !".
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E o quê é AMOR ?. Há muitas definições que podem ser encontradas, desde PLATÃO que viveu há cerca de 400 anos antes de Cristo, portanto aproximadamente há uns 2.420 anos passados e ele já sonhava com a tão declamada palavra AMOR !.
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Platão, certa vez, admirando o horizonte, registrou: "Só pelo Amor o Homem se realiza plenamente !".
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Já SÓCRATES ( 470 A.C. ) mais pé no chão, dizia: " Deve-se temer mais o AMOR de uma mulher do que o ÓDIO de um homem !".
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Nem é necessário recorrer a tanto tempo atrás para ter uma definição (quase) correta do que é o AMOR. Mas, observando, vendo, lendo, ouvindo, e vivenciando, poderíamos imaginar até que representa o Bem Querer, a Lealdade, a Fidelidade, a Dignidade, ... onde a Renúncia Recíproca das Individualidades forma UM SÓ SER que atinge a plenitude dos mistérios de amar !.
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................. a ser continuado em Janeiro 2020
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