terça-feira, 14 de dezembro de 2010

SONHO DE NATAL





música: Jingle Bells  -  Ray Conniff
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Sonhei a noite toda com aqueles dias  !. Quando adolescente, percorria as ruas despreocupado com tudo e ansioso apenas com o que eu iria ganhar de presente de Natal !

Acordei SAUDOSISTA !

- Ah,... se eu soubesse naqueles dias o que eu sei hoje ... !

Anos 60 !

Aquela garotinha que morava perto de casa passava toda sorridente vestindo um vestidinho todo branco, com bordados e um par de sapatos de saltos altos... Tinha apenas 11 ou 12 anos e já desfilava como se fosse mulher formada.  Que presunçosa... !

Eu ficava ali, debruçado na mureta do alpendre de minha casa, olhando Suely passando toda apressada e, de esguio, observando se eu também a observava. Claro que eu a observava pois, afinal, ela era a garotinha que eu queria que fosse minha namorada um dia... além  de minha costumeira e preferida parceira de dança.

O relógio batia umas 11 horas da manhã e na cozinha já faziam os doces, os salgados e aquela deliciosa leitoa assada que iríamos comer na festa logo mais à noite. Também  iria ter muitas outras coisas que nossos parentes iriam trazer... Até  Peru ia ter, mesmo que não fosse a tradição ... mas o que eu mais queria mesmo era aquele delicioso Pavê que Dona Gilda, a doceira, fazia: Torta Paulista !

Até Champagne iríamos tomar. Eu tinha apenas 12 anos de idade mas meu pai nos deixava experimentar um pouco de champagne e um suco bem  geladinho de vinho com água e açúcar. 

Na sala, havia dois jogos de sofás: um bem grande de cor  amarelada  e outro de veludo vermelho. Eu adorava dormir naquele sofá vermelho enquanto assistia algum programa de televisão. A vitrola, um lindo  móvel, Phillips, tocava o dia todo um LP (long  play) com  músicas de fim-de-ano com Harpa Paraguaya... Aquilo era de encher a paciência de qualquer jovem da época iniciante na "arte" das coisas do amor.

Ah,... o amor !

Eu nem sabia o que era isso, mas sentia uma  "coisa  incrível"  cada vez que aquela menininha "toda convencida" passava pela calçada. Não posso revelar que ficava deslumbrado, ... mas ela me deixava todo interessado em dar um beijinho algum dia !.  Demorou um tempo, muito tempo depois daquele Natal,... mas, ... apenas sonhei que a beijei com muito carinho. Teria sido o meu primeiro beijo. Nunca vou esquecer... e justamente hoje, tantos anos depois, sonhei a noite toda com o Natal e com as músicas natalinas.

Eu cantava sem saber a letra o tal do "Dingo  Bel" e até ensaiava por mímica, o dedilhar de uma harpa paraguaya. Mas, como todo "moleque" que se preze eu começava a cantar a música e meus amigos presentes, em côro, acompanhavam  o  tal do "Dingo":  

Dingobel, dingobel,... acabou o papel...
Não faz mal, não faz mal,...
Limpa com o jornal !

O Papel está caro, caro pra chuchu,...
Como eu vou fazer,...
Pra  limpar o meu,...
Dingobel,... dingobel,... acabou o papel !
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Não sei dizer se naquela época o disco do Dingobel (LP) era tocado por Luis Bordón embora Ray Conniff também já existisse e fosse o predileto da garotada. Meus pais e seus amigos (todos velhos de mais de 30 anos de idade) é que gostavam de músicas paraguayas...  Algum tempo depois, quando eu já sabia o idioma Inglês é que atentei para o nome  correto da música:  JINGLE BELLS .

"Jingle Bells", também conhecida  como "One horse open Sleigh", é uma das mais comuns e conhecidas canções natalinas do mundo. Foi escrita por James Lord Pierpont (1822-1893) e publicada como "One Horse Open Sleigh" em 16 de Setembro de 1857, sendo que, originalmente, não se tratava de uma canção  natalina. Foi traduzida para quase todos os idiomas e, no Brasil, recebeu a versão em português por Evaldo Rui, sendo que João Dias a gravou em disco de 78 rpm pela ODEON em 4 de Outubro de 1951 para o suplemento de dezembro (natalino) daquele ano. (Fonte Google).
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Acordei com muita saudade daqueles dias e fui procurar na estante que era de meus pais (já falecidos), as fotos e objetos que conheci quando criança. Achei cartas de parentes, muitas fotos, canetas antigas, moedas antigas, cartões de natal e ano novo, cartões  postais de outros países, livros,... alguns cadernos escolares,... uma foto de crianças onde também estava Suely...

Eu não me lembrava daquela foto. Estavam os amigos tomando sorvete na praça em uma linda tarde de sol... quando ela, novamente, passava toda sorridente fazendo meu coração acelerar como o rufar de um tambor !. 

Aquele foi o melhor presente  de Natal que já ganhei e, por incrível que pareça, o auto-falante do coreto da praça alardeava ao som de Jingle Bells a chegada de um Novo Natal !.

As lembranças da infância trazem sempre momentos de muita alegria e saudade. Não vejo aqueles amigos há mais de 30 anos !.

Agora que já estou acordado, depois  dessa deliciosa noite de sonhos, vou ficar  o dia todo em casa só  pra ouvir as músicas de Natal tocadas pelos melhores músicos de todo o mundo e desejar a todas as pessoas que tenham sempre, todos os dias,  um LINDO SONHO DE NATAL !


Feliz Natal

Raul de Abreu
14 / 12 / 2010

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