quinta-feira, 15 de julho de 2010

DÉJÀ VU


Há uma expressão francesa que é muito utilizada em todo mundo para expressar um sentimento ou impressão de que “ guarda-se na memória, a lembrança distante ou a sensação de já se ter passado por aquela situação, em algum lugar, com alguma pessoa, ou alguma coisa... como se fosse um sonho que mal se consegue recordar, mas que poderia ter acontecido...! ”
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Também há na expressão portuguesa a palavra SAUDADE que exprime, da mesma forma, um sentimento de vazio pela ausência de alguém, algum lugar ou alguma coisa...
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Há expressões diversas no mundo todo, conforme a cultura e costumes dos povos, que definem o Estado Da Alma em momentos especiais e que fazem com que as pessoas fiquem reflexivas à procura do bem estar.
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 “ DÉJÀ VU “ – pronuncia-se “déjavi”, é algo mais espiritual que adentra a mente e o coração e transforma em grande ansiedade na busca do reencontro do quiçá nunca encontrado. ! Um sonho ? Um dia em vida passada ? Falha da memória na distinção do novo ou já conhecido ? Um desejo ? Lembrança e saudade ? Alegria não resolvida ? Adeus inesperado ? Vontade de mergulhar com tudo e deixar que a vida por si só resolva e aconteça !
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Não se sabe ao certo o significado de “Déjà vu”, mas assegura-se, pelo menos, a sensação do já conhecido e a vontade de continuidade...
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Certa vez, quando eu tinha quinze anos de idade, apareceu em minha  cidadezinha uma mocinha linda, loirinha de olhos azuis, faces rosadas, meiga, tímida, encantadora ! Era prima de algumas conhecidas e amigas.
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Fomos apresentados.
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Naquele instante senti uma coisa estranha que nunca havia sentido antes, nem de medo e nem de alegria. Era diferente, desconhecida até então, pois o coração parecia que iria estourar, sair pela boca, o corpo todo trêmulo, a voz tremida e semi-muda, as palavras pareciam como a neve que mal saiam da boca e já se despedaçavam no caminho antes mesmo de serem pronunciadas... Estranho, esquisito, cômico ! Eu estava apaixonado pela primeira vez em minha vida !
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Mal consegui dizer:
- Oi,... mui... to... pra... pra...pra....zer !
- Oi,... você é o R.... ?
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Senti uma sensação de desmaio, os órgãos mal funcionavam, vontade de rir, chorar, tremer, urinar sem querer...
- Si... si...sim ! Eu sou o...o...
- Ah ! Então é você ?
- Sim,... é,... sim,... é...é... sou... sou eu sim !
- Você vai ao baile hoje ?
- Vou... sim,... eu quero.. você também vai ?
- Você dança comigo ?
- Eu quero dançar só com você... só... só com você !
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Ela e suas primas foram embora para casa e viravam-se sorridentes, vez em quando, para me olhar mais uma vez enquanto eu ali, estático, mudo, apavorado, entusiasmado, apaixonado, com uma vontade enorme de gritar que estava sentindo pela minha primeira vez na vida que o amor havia pousado em meu coração !
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Olhei-me no espelho, procurei alguns pelos no rosto que ainda eram raros devido à repentina mudança da infância para a juventude e senti-me um Homem que iria naquela noite encontrar-se com aquela princesa que havia sido enviada pelos Deuses...
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Fui em traje de gala: era Réveillon, o baile mais esperado do ano !
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Os minutos passavam e alcançavam horas... Rosemarie não apareceu e eu fiquei o tempo todo à sua espera perto da porta de entrada... Algum problema de saúde de familiares obrigou-a voltar urgente para sua cidade, embora contra sua vontade conforme me disse mais tarde Lucinha, sua prima, confessando que ela também tinha se apaixonado por mim...
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Aqueles cabelos de ouro, aqueles olhos tão azuis que pareciam o céu pintado por Anjos, sua voz tão melodiosa...
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Déjà vu ! Foram poucos instantes em que estivemos juntos, quero dizer, acho que estivemos juntos sim se não apenas a minha imaginação fruto de algum sonho... !
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Anos e anos e nunca mais nos vimos. Soube que ela mudou-se para outra cidade e eu também para outra ...
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Aquela sensação sempre esteve presente em minha lembrança: a vontade de tocar suas mãos, acariciar o seu rosto, um suave beijo e uma doce e recíproca confissão: “ Eu te amo por toda minha vida ! “.
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Anos e anos e anos se foram... Nunca mais senti aquela “coisa” estranha !
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Certo dia entrei em uma loja e atendeu-me uma garotinha muito simpática, magrinha, educadíssima, cabelos castanhos cacheados perguntando-me se queria algo para mim ou para presente para alguma pessoa. Respondi que procurava algo para minha filha e imediatamente ela foi procurar...
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Enquanto observava o movimento da loja, tantas pessoas, ... apareceu em minha frente uma mulher que eu não imaginava também ser da loja e olhando-me fixamente nos olhos, com um sorriso indescritivelmente encantador e irresistível:
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- Você já foi atendido ?
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Ela olhava-me fixamente com aqueles lindos olhos azuis, cabelos dourados e um sorriso tão convidativo ... !. “Déjà vu”... fiquei tonto, trêmulo, assustado, nervoso, tímido, mudo,... sei lá o quê, pois sou tão diferente e nada me assusta.... mas fiquei sem fala, sem saber nada e apenas pude dizer:
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- Ah,... não... não me olhe assim desse jeito... eu... eu...
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Ela apenas continuou sorrindo com o rosto tão perto do meu que senti uma vontade enorme de encostar meus lábios aos seus e dizer aquilo que uma vez tentei dizer, lá longe no passado,... bem longe... bem longe... sem nenhum temor, sem balbuciar... Mas quando me dei conta, ela já se afastava sorrindo

enquanto eu ficava ali inerte, estático, idiota, parado, com o coração parecendo sair pela boca, com uma vontade enorme de gritar, de pular de alegria, de saudar a vida, de gargalhar... e percebi que apenas o silêncio tomava conta de todo meu ser enquanto meu cérebro em turbilhão parecia que iria explodir...
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Não sei o seu nome, onde mora, se tem alguém, se voltaremos a nos falar...
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A vida é mesmo muito interessante: Quanto eu tinha apenas 15 anos de idade, senti-me pela primeira vez que era um Homem e que o amor havia chegado... mas ... ainda não era minha vez e, pior de tudo, nem consegui dizer uma palavra à ela do que eu estava sentindo, pois, tenho certeza, eu não estava preparado para dizer e não sabia como dizer e talvez eu morresse de medo antes de dizer...!
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A vida é mesmo muito interessante:  Muitos anos já se passaram depois daquele dia em que eu iria dançar com a minha princesa naquele Réveillon... e o mesmo sentimento tomou conta de mim, nesse novo dia, deixando-me inerte, sem saber o que fazer o que falar, como agir,...  acompanhando com o olhar triste ao longe vendo tudo novamente acontecer...!
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Mas a vida é mesmo muito interessante: Sempre haverá o momento certo e talvez seja este, mesmo que através de meios tão difíceis, que poderemos reciprocamente olhar nos olhos e dizer aquelas lindas palavras que selarão para sempre !
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musica:  Michelle  -  Ray Conniff
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Raul Ramos Neves Abreu
22 / 12 / 2011

http://osaneisdoumuarama.blogspot.com

Um comentário:

  1. Cara: Se essa mulher existe mesmo, me apresenta ela pq eu já estou apaixonado... Mas, ... se vc for amigo da Pfeiffer pode tbm apresentar pq vai ser linda assim lá em casa !!!! Parabéns, vc tem o dom ! Tony

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