O jornal " O TAMBAÚ " em sua edição datada de 28 de Julho de 1963, entre vários artigos, publicou a crônica " QUERER BEM " escrita por BOLIVAR AMARAL ABREU, como uma doce lembrança e homenagem:
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" Ao grupo de Homens que na despretensiosa apresentação de sua arte, mantem viva a Alma Romântica desta Terra, na poesia mais sublime cuja métrica difícil é a Música !."
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A luz acesa, pendendo do teto nobre, qual lua artificial num céu de madeira, rebrilha no polido metal dos instrumentos empunhados por mãos rudes de homens simples.
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Nos semblantes há uma apaixonada expectativa. Nos olhos, um brilho de extraordinária satisfação - luz da alma em êxtase que se esconde no corpo do músico.
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Depois, um leve sinal, imperceptível sinal que tem a magia de transformar o silêncio em algo diferente, em algo suave que, num crescendo de harmonia, completa a Beleza do momento !.
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É a música que se inicia !.
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É a alma do músico, é a alma do compositor, a alma de quem ouve, de todos que se desprendem num sôpro, abraçados, sonhando, bailando, em um comovido ritmo de valsa.
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MUSICA: BRANCA - COMPOSITOR: ZEQUINHA DE ABREU
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Fecho os ohos e escuto apenas o tempo que roda, roda,...
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Bancos de jardins passam rodopiando, batidos de luz, mármore frio, sem alma na alma das noites que se vão... !.
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Casais de namorados conversando ao luar,... um leve rumor de beijos !.
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Sombras que se escondem nos jardins, entre tufos de roseiras perfumadas, soluçando com a voz do vento as juras nunca esquecidas !.
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A quermesse, cheia de misterioso encanto dos "cartões-elegantes", levando mensagens gentis de amor inocente, começo de romance que sempre tem a duração efêmera do instante de festa...
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Tudo vai passando com a vertigem deliciosa de um sonho, girando,... girando,...girando... !.
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Abro os olhos:
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Não !. Não morreu a beleza das noites, o encanto das ruas, a poesia dos jardins: Está tudo presente, agora nesta sala de paredes azuis, lisas, onde a "Bandinha" executa apaixonada a linda valsa que ouço e que é gravada, com capricho, por alguém que sabe compreender o envolvente encanto dessas músicas de seresta - voz das almas enamoradas da eterna beleza da noite, dos poetas das ruas desertas, cheias de luar e sereno !.
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Que comovido adeus de alguém, que soluço triste, em sons de música, nessa valsa tão bonita !..
E que poetas abnegados a transformá-la em algo tão sublime, retendo na alma da terra a alma da poesia que é um Sonho !.
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Esses Homens que cansam o corpo no trabalho árduo do todo-dia, mas, à noite, encontram ainda um vigor diferente no coração para falar com a música aos outros desta doce terra !.
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Alcino Morandin no seu Baixo mi-bemol, ... Augusto Rochetti no Bombardino, ... Angelo Arrighi no Sax , ... Olimpio Lopes de Faria e Osvaldo Giaretta no Trombone de Harmonia, ... Nelo Macatrozzo e Alécio Martinelli no Pistão, ... Antonio Vicente Morandin no Trombone de canto, ... Diomedes D'Ercole na Clarineta, ... Joaquim Dutra no Bumbo, ... Amauri Rocco na Caixinha, ... e Avelino Xavier no Surdo.
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A luz acesa como Lua Artificial, num céu de madeira, ilumina a sala !.
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Eu os vejo, todos, enlevados, desprendidos, empunhando seus instrumentos na execução bonita de uma valsa antiga.
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Um gravador moderno, coração de metal, frio, sem vida, mas que retém todas as notas para repetí-las depois, ... não sei porquê !.
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E a valsa dolente passeia pelo ar, com um aceno de adeus, fugindo pela janela para a noite fria... !.
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Dolorosa separação !.
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Raul Ramos Neves de Abreu
30 Junho 2015
muito lindo Raul. Sentimento aflorando!!!!!! saudades
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