Estava uma noite fria, daquelas que deitamos de lado com as pernas encolhidas e o corpo todo encolhido pra aquecer um pouquinho.
Sob uma pequena manta de lã, eu virava pra lá e pra cá, incomodado com o vento que soprava através da veneziana do quarto....
Devia ser umas 2 horas da madrugada. Eu não conseguia dormir.
Liguei o aparelho de som em uma emissora de FM de músicas suaves, buscando “pegar no sono”. Embalei na fantasia... !
De repente, não sei se eu já estava dormindo e sonhando, aquele ventinho frio que vinha da janela pareceu-me entrar no quarto vindo em minha direção vagarosamente....
Um perfume delicioso de flores silvestres e jasmins, dama-da-noite, rosas... não sei bem explicar, como seu eu estivesse entrando em uma perfumaria decorada de forma colonial, com muitos quadros pintados em tons suaves...
Um oboé, melancólico sussurrando como um apelo pela vida e encontrando-se com violinos, mágicos, formaram logo um delicioso momento de muita atenção, prazer e imaginação.
Interessante: - eu ali na cama, encolhido, e ao mesmo tempo vendo-me em um lugar totalmente desconhecido, perfumado, florido, maravilhoso e com uma musica divina!
Balancei a cabeça querendo acordar e senti no rosto o vento acariciando-me, como em forma de mãos tão delicadas, levando-me à vazão de sentimentos tão deliciosos que meu corpo cedeu a um relaxamento reconfortante.
Eu conseguia ouvir aquela musica, em notas deslizando por todo ambiente, levando-me em estado de levitação ao encontro de uma doce mulher que, na penumbra, não conseguia visualizar o rosto, mas apenas sentir seu perfume, sua voz, e a meiguice de seu ser.
Em seguida dormi profundamente e feliz, balbuciando alguma coisa: ...
“ eu só queria ver o seu rosto!”
- o -
Raul de Abreu
21/12/09
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