segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

IRENA SENDLER - A MÃE DOS MENINOS DO HOLOCAUSTO

“ A palavra HOLOCAUSTO (em grego antigo: ὁλόκαυστον, ὁλον [todo] + καυστον [queimado]) tem origens remotas em sacrifícios e rituais religiosos da Antigüidade em que animais (por vezes até seres humanos) eram oferecidos às divindades, sendo completamente queimados durante a noite para que ninguem visse, nesse caso HOLOCAUSTO quer dizer cremação dos corpos.


Este tipo de sacrifício também foi praticado por tribos judaicas, com animais, como se evidencia no Livro do Êxodo capítulo 18, versículo 12: ... "Então, Jetro, sogro de Moisés, trouxe holocausto e sacrifícios para Deus; (...)".

A partir do século XIX, a palavra Holocausto passou a designar grandes catástrofes e massacres, até que após a Segunda Guerra Mundial o termo Holocausto (com inicial maiúscula) passou a ser utilizado especificamente para se referir ao extermínio de milhões de judeus e outros grupos considerados indesejados pelo regime nazista de Adolf Hitler.

Atualmente, esse GENOCÍDIO o termo foi novamente utilizado para descrever as grandes tragédias sejam elas antes ou depois da Segunda Guerra Mundial. Muitas vezes a palavra Holocausto tem sido usada para qualquer extermínio de vidas humanas executado de forma deliberada e maciça, como na que resultaria de uma guerra nuclear, falando-se por vezes de Holocausto nuclear. “


Enquanto OSCAR SCHINDLER era aclamado por todo mundo, graças a Steven Spielberg que nele se inspirou para fazer o filme “A LISTA DE SCHINDLER” que conseguiu 7 Oscars em 1993, narrando a vida do industrial alemão que conseguiu salvar da morte 1.000 judeus nos campos de concentração, IRENA SENDLER, era uma heroína desconhecida fora da Polônia.
Em seu País, era reconhecida apenas por alguns historiadores, já que os anos de obscurantismo comunista haviam apagado as suas façanhas dos livros de História Oficial da Polônia.


Ela nunca contou sobre sua vida a qualquer pessoa, relativamente ao período do Holocausto e manteve-se sempre calada mantendo absoluto secredo sobre o destino das crianças que salvara.
Em 1999 a sua história começou a ser conhecida graças a um grupo de alunos de um Instituto de Kansas – EUA, que faziam um trabalho de pesquisa sobre os heróis do Holocausto, para o final de seus cursos escolares.


Na investigação, deram com poucas referências sobre Irena, mas, entre tais, que Irena tinha salvado a vida de 2.500 meninos.

Como é possível que existisse uma informação sobre uma pessoa assim ?


Mas, a maior surpresa desses alunos chegou quando após buscarem o lugar da tumba de Irena, descobriram que não existia porque ela ainda estava viva, residindo em um Asilo do centro de Varsóvia – Polônia, em um quarto onde nunca faltavam flores e cartões de agradecimentos que chegavam do mundo inteiro.

Irena tinha fotos em seu quarto, com alguns daqueles meninos sobreviventes ou com os filhos deles. Ela faleceu em Maio de 2008, com 98 anos de idade.

Quando a Alemanha invadiu a Polônia em 1939, Irena era enfermeira do Departamento de Bem-estar Social de Varsóvia, no qual cuidava das salas de jantar comunitárias da cidade.


Em 1942, os nazistas criaram um “gueto” em Varsóvia e Irena horrorizada pelas condições de vida daquele lugar, uniu-se ao Conselho para Ajuda aos Judeus.

Conseguiu identificações do Escritório Sanitário, onde uma das tarefas era a luta contra as doenças contagiosas. Como os alemães invasores tinham medo de que se desencadeasse uma epidemia de tifo, aceitavam que os poloneses controlassem o lugar.

Logo entrou em contato com famílias de judeus, às quais Irena se oferecia para levar os filhos com ela para fora do Gueto, embora não pudesse dar garantias de sucesso.

Era um momento horroroso, pois tinha de convencer os pais que lhe entregassem seus filhos e eles lhe perguntavam sempre: “Pode me prometer que meu filho viverá ?”.

O que se poderia prometer quando nem se podia saber se ela iria conseguir sair do Gueto ?

E a única coisa certa era que os meninos morreriam se permanecessem ali.

As mães e as avós não queriam separar-se de seus filhos e netos. Irena as entendia perfeitamente e, naqueles momentos, então, ela era mãe. De todo o processo que ela levava a cabo com os meninos, o mais duro era o momento da separação.

Algumas vezes, quando Irena ou suas companheiras tornavam a visitar as famílias para tentar fazê-las mudar de opinião, ficavam sabendo que todos tinham sido levados ao trem que os conduzia aos campos de extermínio, de morte.

Cada vez que isso acontecia, Irena lutava ainda mais para tentar salvar o maior número possível de crianças judias.

Começou então a tirá-los em ambulâncias como vítimas de tifo, mas logo a seguir se valeu de tudo o que estivesse ao seu alcance para escondê-los e tirá-los dali: cestos de lixo, caixas de ferramentas, carregamentos de mercadorias, sacos de batatas, ataúdes e toda sorte de alternativas que pudesse utilizar.

Em suas mãos qualquer coisa se transformava em meio de fuga e salvação. Até conseguiu recrutar ao menos uma pessoa de cada um dos dez centros do Departamento de Bem-estar Social.

Com a ajuda dessas pessoas, elaborou centenas de documentos falsos, com assinaturas falsificadas, dando identidade temporária aos meninos judeus.

Irena vivia os Tempos de Guerra pensando em Tempos de Paz !

Por isso não se cansava de manter com vidas esses meninos. Queria que um dia pudessem recuperar seus verdadeiros nomes, suas identidades, suas histórias pessoais, suas famílias.

Foi quando criou um arquivo onde registrava os nomes dos meninos e suas novas identidades, anotando os dados em pedaços pequenos de papel e depois os enterrava em potes de conserva, debaixo de uma árvore de maçãs, no jardim de seu vizinho.

Guardou de forma que ninguém nunca suspeitasse sobre o passado desses 2.500 meninos, até que os nazistas foram embora.

Um dia, os nazistas souberam das suas atividades.

Em 20 de Outubro de 1943, Irena foi detida pela Gestapo e levada à prisão de Pawiak onde foi brutalmente torturada.

Num colchão de palha de sua cela ela encontrou uma estampa de Jesus Cristo. Ficou com essa estampa, até 1979, como resultado de uma casualidade miraculosa naqueles duros momentos de sua vida. Nesse mesmo ano encontrou-se com o Papa João Paulo II, o também polonês que muito lutou pelas vítimas inocentes durante a guerra, e deu-a a ele de presente.

Irena era a única que sabia os nomes e onde se encontravam as famílias que albergaram os meninos judeus. Suportou toda tortura e se recusou a trair seus colaboradores ou a qualquer dos meninos ocultos.

Quebraram-lhe os pés e as pernas, além de sofrer inúmeras outras torturas, mas ninguém conseguiu vencer a sua determinação.

Foi sentenciada à morte. Porém, tal sentença nunca chegou a se cumprir porque a caminho do local onde seria executada o soldado alemão que a levava, provavelmente sensibilizado com a luta daquela mulher, deixou-a fugir.

A Resistência o tinha subornado, também, pois não queriam que Irena morresse com o segredo da localização dos meninos.

Oficialmente ela constava da lista dos executados. A partir de então, continuou trabalhando com uma identidade falsa.

No final da guerra, ela mesma desenterrou os vidros de conserva e fez uso das anotações para encontrar os 2.500 meninos que colocou com famílias adotivas.

Ajuntou-os aos seus parentes espalhados por toda Europa, embora a maioria tivesse perdido suas famílias, mortas nos campos de concentração nazistas.

Os meninos só a conheciam pelo apelido: JOLANTA.

... “QUEM SALVA UMA VIDA, SALVA A HUMANIDADE”

Anos mais tarde, quando sua história saiu num jornal polonês, junto com fotos suas da época, diversas pessoas reconheceram-na e começaram, emocionados, a procurá-la:

- “Sou um daqueles meninos do campo de concentração nazista. Lembro-me muito bem do seu rosto. Você salvou minha vida, meu futuro e eu vim aqui para vê-la e agradecer por tudo que me fez e a tantos outros meninos judeus !”

.. "O EXEMPLO DO PAI DE IRENA":

Seu pai era um médico que morreu de Tifo quando ela ainda era criança, mas ele sempre ensinava a Irena, através de contos e pensamentos, que a vida humana era muito importante e que todos deveriam sempre respeitar o próximo.

Assim, ela carregou sempre consigo a seguinte máxima, que aprendeu com seu pai, a qual mais tarde contava a todos que lhe perguntavam sobre a sua dedicação na causa que a celebrizou durante o Holocausto:

... “ Ajude sempre a quem estiver se afogando, sem levar em conta a sua situação, origem, nacionalidade ou religião, pois  AJUDAR ALGUÉM, tem que ser uma necessidade que venda do fundo do seu coração ! "

Ela viveu desde o fim da guerra em uma cadeira de rodas, por causa das lesões causadas pelas torturas praticadas pela Gestapo.

Nunca se considerou heroína e nunca reivindicou crédito algum por suas ações. Mas respondia com humildade às pessoas que perguntavam sobre o tema:

- ... “ Eu deveria ter feito muito mais ! ... E este lamento me acompanhará até o dia de minha morte !. Não se plantam sementes de comida; plantam-se sementes de bondade ! Tratem de fazer um Círculo de Bondade que este os rodeará e fará crescer mais e mais !

Shalom Aleichem, Irena Sendler !

Esteja sempre sentada na cadeira dos Justos ! Que o Grande Arquiteto do Universo por Sua Infinita Sabedoria e Bondade sempre a Ilumine e Guarde !

Shalom !


Um comentário:

  1. Maravilhoso.Tocante,Chocante.Exemplo de vida.
    Parabens!
    Abraco...
    Cleide

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